Depois tudo passou. Como bem disse a Kilauea em seu Twitter "Não queira morrer hoje porque amanhã você vai querer dominar o mundo" (Alguém com Transtorno bipolar).
Daí que outra pessoa que gosto muito e também é meio assim bipolarizada, passou por um momento ruim, e precisou de carinho, atenção e tudo mais que a gente precisa. E eu não fui legal. E ouvi que não sei ser amável nessas horas.
Lembrei-me que na minha vez ela tinha sido exatamente o que eu esperava, e quando ela precisou eu fui exatamente o oposto.
Então o que fazer?
A natureza da pessoa não muda. Contrariando a Ludmila, ninguém muda. Pessoas evoluem e se controlam e amadurecem, mas basta um momento de grande emoção, boa ou ruim, e a essência legítima surge de volta.
Desta forma, minha natureza não permite que eu seja amável. Porque não foi isso que aprendi. Sou da geração que aprendeu que "homem não chora", e que terapia é "coisa de doido". Aprendi também que demonstrar alguma fragilidade era ser "um fraco". Em casa, meu pai me ensinou que a sua palavra era a última e definitiva (não estou aqui dizendo se era certo ou errado, se era a melhor intenção ou não, apenas os fatos). Cresci com tudo isso e agora aprendi a controlar-me, a forçar-me para ouvir o outro, a tentar colocar-me na situação do outro.
Tudo isso é muito lindo e faz sentido, mas quando a situação pede emoção, pede verdade, pede sentimento legítimo, então a natureza fala mais alto, e todo o auto-controle escorrega ladeira abaixo e resta somente você, você mesmo. E aí?
Eu quero controlar a situação e dizer algumas palavras e acabar com tudo.
Mas como fazer isso? Como controlar tudo à minha volta?
Como transformar o frio em calor?
Talvez por isso as pessoas tenham a necessidade de acreditar na reencarnação... para saber que ainda dá pra fazer diferente, da próxima vez...
Kilauea, às vezes eu falo coisas ruins, e às vezes falo coisas boas. Eu aprendi a conviver com um vulcão em erupção, que é lindo mas que também arde e queima, então eu peço, de coração, que aprenda a conviver com esta característica que é a minha marca mais constante: A inconstância.
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