Hoje estou diferente. Me notei assim dum tanto que pensei, será que eu estou diferente mesmo? Então eu vim trabalhar e vi o símbolo da Fiat no volante do carro. E até o símbolo da Fiat era diferente. Que percepção será essa agora? Me dei conta de que estava eu muito perto do meu olho, e já explico: Eu normalmente tenho a sensação de que eu não sou o corpo inteiro mas sim a parte que fica dentro da cabeça. E esse eu fica mais pra dentro, mais perto do cérebo, não fica olhando com o olho, fica olhando de dentro da cabeça através do olho. Como se eu fosse uma espécie de nave, ou capacete, ou qualquer coisa e os olhos fossem o vidro pelo qual se vê lá fora. E hoje eu estava perto do olho. Bem na frente mesmo, dava a impressão de que eu via mais de mim, como quem se aproxima da janela e vê mais o exterior. Estou saindo de dentro de mim? Olhei minhas mãos, mãos grandes, e elas pareciam de outra pessoa. Você já se estranhou? Meu corpo, obviamente meu, parecia errado. E a sensação era do tipo "O que estou fazendo aqui? Tirem-me daqui!". Estranho. Como não me noto muito bem, posso estar passando por uma transformação silenciosa, mas não sei qual é. Lembrei-me do livro A Metamorfose e foi engraçado pensar "Será que vou virar uma barata gigante?". Acho que estou grávido de mim, gerando aqui na minha cabeça um novo eu, filho de mim, que vai aproveitar a carcaça do velho eu pra poder viver sem ter que morrer e nascer de novo. Se for isso, ótimo, poderei aproveitar nessa vida ainda, esse novo estranho, cruzamento de experiência e sofrimento, de prepotência e burrice, de controle e descontrole. Se não for, tanto melhor, não quero entrar na fase da sabedoria agora, ainda tenho novos, incríveis e apoteóticos erros para cometer. Então vou seguindo meus dias como se já os soubesse, e esperando que a sensação diferente termine por mostrar a que veio e o que devo fazer, porque ela é como esse texto, que fala e fala e não diz nada. Me sinto diferente, mas não sei de nada.
terça-feira, junho 22, 2010
domingo, junho 13, 2010
Há alguns dias atrás passei por um desses momentos bipolares que são quase rotina em minha vida. Como toda e qualquer pessoa abençoada pelo transtorno bipolar de humor, tenho meus momentos de criatividade e outros não tão bons assim. Então, dias atrás passei por um momento desses não tão legais. E senti que precisava de carinho e atenção e compreensão.
Depois tudo passou. Como bem disse a Kilauea em seu Twitter "Não queira morrer hoje porque amanhã você vai querer dominar o mundo" (Alguém com Transtorno bipolar).
Daí que outra pessoa que gosto muito e também é meio assim bipolarizada, passou por um momento ruim, e precisou de carinho, atenção e tudo mais que a gente precisa. E eu não fui legal. E ouvi que não sei ser amável nessas horas.
Lembrei-me que na minha vez ela tinha sido exatamente o que eu esperava, e quando ela precisou eu fui exatamente o oposto.
Então o que fazer?
A natureza da pessoa não muda. Contrariando a Ludmila, ninguém muda. Pessoas evoluem e se controlam e amadurecem, mas basta um momento de grande emoção, boa ou ruim, e a essência legítima surge de volta.
Desta forma, minha natureza não permite que eu seja amável. Porque não foi isso que aprendi. Sou da geração que aprendeu que "homem não chora", e que terapia é "coisa de doido". Aprendi também que demonstrar alguma fragilidade era ser "um fraco". Em casa, meu pai me ensinou que a sua palavra era a última e definitiva (não estou aqui dizendo se era certo ou errado, se era a melhor intenção ou não, apenas os fatos). Cresci com tudo isso e agora aprendi a controlar-me, a forçar-me para ouvir o outro, a tentar colocar-me na situação do outro.
Tudo isso é muito lindo e faz sentido, mas quando a situação pede emoção, pede verdade, pede sentimento legítimo, então a natureza fala mais alto, e todo o auto-controle escorrega ladeira abaixo e resta somente você, você mesmo. E aí?
Eu quero controlar a situação e dizer algumas palavras e acabar com tudo.
Mas como fazer isso? Como controlar tudo à minha volta?
Como transformar o frio em calor?
Talvez por isso as pessoas tenham a necessidade de acreditar na reencarnação... para saber que ainda dá pra fazer diferente, da próxima vez...
Kilauea, às vezes eu falo coisas ruins, e às vezes falo coisas boas. Eu aprendi a conviver com um vulcão em erupção, que é lindo mas que também arde e queima, então eu peço, de coração, que aprenda a conviver com esta característica que é a minha marca mais constante: A inconstância.
Depois tudo passou. Como bem disse a Kilauea em seu Twitter "Não queira morrer hoje porque amanhã você vai querer dominar o mundo" (Alguém com Transtorno bipolar).
Daí que outra pessoa que gosto muito e também é meio assim bipolarizada, passou por um momento ruim, e precisou de carinho, atenção e tudo mais que a gente precisa. E eu não fui legal. E ouvi que não sei ser amável nessas horas.
Lembrei-me que na minha vez ela tinha sido exatamente o que eu esperava, e quando ela precisou eu fui exatamente o oposto.
Então o que fazer?
A natureza da pessoa não muda. Contrariando a Ludmila, ninguém muda. Pessoas evoluem e se controlam e amadurecem, mas basta um momento de grande emoção, boa ou ruim, e a essência legítima surge de volta.
Desta forma, minha natureza não permite que eu seja amável. Porque não foi isso que aprendi. Sou da geração que aprendeu que "homem não chora", e que terapia é "coisa de doido". Aprendi também que demonstrar alguma fragilidade era ser "um fraco". Em casa, meu pai me ensinou que a sua palavra era a última e definitiva (não estou aqui dizendo se era certo ou errado, se era a melhor intenção ou não, apenas os fatos). Cresci com tudo isso e agora aprendi a controlar-me, a forçar-me para ouvir o outro, a tentar colocar-me na situação do outro.
Tudo isso é muito lindo e faz sentido, mas quando a situação pede emoção, pede verdade, pede sentimento legítimo, então a natureza fala mais alto, e todo o auto-controle escorrega ladeira abaixo e resta somente você, você mesmo. E aí?
Eu quero controlar a situação e dizer algumas palavras e acabar com tudo.
Mas como fazer isso? Como controlar tudo à minha volta?
Como transformar o frio em calor?
Talvez por isso as pessoas tenham a necessidade de acreditar na reencarnação... para saber que ainda dá pra fazer diferente, da próxima vez...
Kilauea, às vezes eu falo coisas ruins, e às vezes falo coisas boas. Eu aprendi a conviver com um vulcão em erupção, que é lindo mas que também arde e queima, então eu peço, de coração, que aprenda a conviver com esta característica que é a minha marca mais constante: A inconstância.
segunda-feira, junho 07, 2010
Tá
Você está com raiva? Se não está nem perde seu tempo. Esse texto é com raiva. E em verdade vos digo que sempre que dirijo 1000 quilômetros eu fico muito cansado. E aí surgem os demônios. Não esses demoniozinhos com pé de bode, chifres e tridentes. Não esses vermelhos com caras terríveis. Esses bobinhos não. Tô falando dos demônios de verdade. Aqueles que existem, são criados mantidos e alimentados pelo nosso cérebro. Esses sim, aparecem quando estou cansado. E nada melhor que destruir algo para saciar a fome desses animais. Então agora, nesse exato momento, estou ouvindo Edith Piaf, música "Le Foule", que diga-se de passagem, parece ter sido gravada com um balde de alumínio na cabeça enquanto gargarejava com Listerine, por isso a voz de lata e o "R" fazendo bolhas. Mas estou ouvindo assim mesmo, e gostando, porque quero destruir alguma coisa.
Há toda uma beleza em destruir. Tornar feio o belo é bonito e dá gosto. E só é macabro para quem não entende ainda. Você aprende a gostar, e então, está livre. E o belo é o seu belo e não mais aquele belo tonto, ensaiado e sem graça.
A ha ha ha ha...... às vezes me dá uma dó de quem tem cachorro, porque os cachorros, sempre, sempre, sempre, são mais interessantes que seus donos.
Há toda uma beleza em destruir. Tornar feio o belo é bonito e dá gosto. E só é macabro para quem não entende ainda. Você aprende a gostar, e então, está livre. E o belo é o seu belo e não mais aquele belo tonto, ensaiado e sem graça.
A ha ha ha ha...... às vezes me dá uma dó de quem tem cachorro, porque os cachorros, sempre, sempre, sempre, são mais interessantes que seus donos.
quarta-feira, junho 02, 2010
O rapazinho
O rapazinho estava sentado no vaso, fazendo o número 2.
Paz, calma e serenidade
Tempo de pensar e refletir
Tempo de esperar
Esperar
Esperar
Esperar
Pronto
Serviço terminado
O rapazinho levanta e, como um forno de fogão novo, começa o processo auto-limpante
Mas eis que o inimaginável aconteceu, o rapazinho perdeu o equilíbrio e para não cair no chão, segurou-se com as duas mãos, uma em cada lado da parede.
Controle retomado, o rapazinho recompõe-se
E então percebe que na sua mão direita, aquela mesma que ele usou para apoiar-se na parede, estava o papel
É, o papel higiênico
O rapazinho olha para a parede e vê sua obra em estilo barroco espalhada como uma trilha vertical com destino ao céu...
Uma freada brusca na parede
O rapazinho morre de nojo
E joga o papel no lixo
Veste-se rápido e sai do banheiro
Mas deixa a lembrança na parede
O enfeite que lembra a todos que nada se cria nada se perde, tudo se transforma
Que bosta...
Paz, calma e serenidade
Tempo de pensar e refletir
Tempo de esperar
Esperar
Esperar
Esperar
Pronto
Serviço terminado
O rapazinho levanta e, como um forno de fogão novo, começa o processo auto-limpante
Mas eis que o inimaginável aconteceu, o rapazinho perdeu o equilíbrio e para não cair no chão, segurou-se com as duas mãos, uma em cada lado da parede.
Controle retomado, o rapazinho recompõe-se
E então percebe que na sua mão direita, aquela mesma que ele usou para apoiar-se na parede, estava o papel
É, o papel higiênico
O rapazinho olha para a parede e vê sua obra em estilo barroco espalhada como uma trilha vertical com destino ao céu...
Uma freada brusca na parede
O rapazinho morre de nojo
E joga o papel no lixo
Veste-se rápido e sai do banheiro
Mas deixa a lembrança na parede
O enfeite que lembra a todos que nada se cria nada se perde, tudo se transforma
Que bosta...
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